por Dr. Osvandré Lech
Médico Ortopedista e Escritor
Vice-presidente da Academia PF de Medicina
Presidente Conselho Mundial Cirurgia do Ombro e Cotovelo
Vivemos neste momento as incongruências de um período de pandemia – o desconhecimento científico de como e por quanto tempo será a sua duração, indefinição sobre as melhores formas de tratamento, ausência de filtro na quantidade de informações disponíveis nas plataformas sociais que trazem angústia ao cidadão comum, queda de todos os índices econômicos, desemprego e desestruturação das camadas sociais mais sensíveis... associe a isto a guerra político-ideológica que se desenvolve no Brasil e que em nada ajuda na solução deste problema social que se agiganta a cada dia. A situação impacta a vida de cada um de nós. Ninguém está excluído desta desestruturação social. Este é o retrato simplificado da situação da pandemia pelo novo Coronavírus no país após oito meses do início das medidas de isolamento social determinadas no mês de março.
A humanidade já vivenciou outros períodos semelhantes. E não foram poucos... A praga de Atenas (40 a.C.) durante a guerra do Poleponeso, um ataque de varíola e febre tifoide. A peste Antonina ou Praga de Galeno (165 a 180 d.C.), novamente a varíola trazida da China por soldados romanos. A peste de Justiniano (541- 542 d.C.) transmitida por ratos trazidos em navios. A peste Negra (1347-1352) que dizimou impressionantes 50 milhões de pessoas na Europa. A devastadora epidemia de varíola das Américas (anos 1500) trazida criminalmente pelos conquistadores ibéricos, especialmente Cortéz e Pizarro. A epidemia de febre puerperal (séculos 17 a 19), que dizimava as mães pelas más condições de higiene. A febre espanhola (1918 a 1920), que dizimou cerca 50 milhões de pessoas em todo o mundo e que foi responsável pela abertura dos dois principais hospitais da nossa cidade. A gripe asiática de 1957. A pandemia de gripe A (H1N1) de 2009, onde Passo Fundo protagonizou nacionalmente o uso do Tamiflu para o tratamento, sendo depois reconhecida a eficácia pelo Ministério da Saúde. A relação acima é simplificada, pois a lista é maior.
Todas estas epidemias e pandemias têm um item em comum – as más condições sanitárias e higiênicas das populações. Menciono apenas o básico: água tratada e encanada, rede de esgoto, descarte correto do lixo, noções de higiene pessoal, cidadania para evitar ou diminuir a contaminação do meio ambiente. Nenhum avanço tecnológico da área da saúde substitui o conhecimento sanitário básico conhecido há séculos!
Com uma população estimada de 7,8 bilhões de habitantes – e estimativa de 11 bilhões até o final deste século – o planeta Terra pode ser comparado a um automóvel com quatro acentos ocupado por 7-8 pessoas... a comparação parece cômica não fosse trágica... Portanto, podemos esperar outras pandemias pela frente no futuro. Constatação óbvia baseada na avaliação de dados do presente.
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